Essa data é comemorada desde
2001, quando o governador de São Paulo, na época, instituiu o dia 15 de
agosto como o Dia da Gestante, de acordo com a Lei 10822/01.
RIO - Cerca de cem mulheres caminharam pela orla de Ipanema em defesa
dos direitos reprodutivos e do parto humanizado, na tarde deste
domingo. A manifestação também comemorou a anulação, obtida pelo
Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ), das
resoluções do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj)
que proibiam
as acompanhantes profissionais — obstetrizes, doulas e parteiras — de
dar assistência a partos em hospitais e maternidades. A decisão do
Cremerj também impedia médicos obstetras de acompanhar partos
domiciliares. O conselho já disse que vai recorrer da decisão.
— A
maioria dos médicos prefere fazer parto cesárea por conveniência.
Muitas vezes desrespeitam a vontade da mãe — ressalta o médico obstetra
Jorge Kuhn, 57 anos, que defende a realização do parto normal em
ambientes extra-hospitalares — Os médicos consideram o parto um evento
cirúrgico e não um evento fisiológico. Isso dificulta o desenvolvimento
do bebê e seu vínculo com a mãe. A cesárea prejudica a amamentação, por
exemplo — completa.
No Brasil, 52% dos partos são cesáreas,
segundo dados do Ministério da Saúde de 2010. O número ultrapassa o
percentual máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS),
que é de 15%.
A decisão do Cremerj de proibir médicos de
realizarem partos em residências será discutida na próxima reunião
plenária do Conselho Federal de Medicina (CFM), que tem ingerência sobre
as 28 instituições regionais do país, na segunda semana de agosto. Os
conselheiros do CFM (28, além de um representante da Associação Médica
Brasileira) vão deliberar sobre a questão, que gerou polêmica no Rio,
podendo sugerir um estudo profundo e até vedar a medida do Cremerj.
A
presença das doulas (acompanhante da gestante) também é cerceada pelo
conselho regional. O Ministério da Saúde considera importante humanizar o
parto e estimula a presença das doulas, além de estar capacitando
parteiras e integrando-as à rede do SUS através do programa Rede
Cegonha. O Sindicato dos Médicos do Estado do Rio, por sua vez, é contra
as ações da pasta.
— Quem legisla sobre isso é o Congresso. O
médico precisa acompanhar partos dentro de um ambiente hospitalar, com
uma equipe médica pronta para qualquer emergência. Não há risco zero na
medicina. Há pacientes com baixo risco — diz Jorge Darze, presidente do
sindicato.
Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/mulheres-caminham-pelo-parto-humanizado-comemoram-derrota-do-cremerj-na-justica-5698244#ixzz22mfPjhFT, em 12 Ago 2012