sexta-feira, 29 de julho de 2011

Uma palmadinha vale a pena?


Uma palmadinha vale a pena?
 O projeto de lei número 2.654/2003 teve como objetivos acrescentar os artigos 18A e 18D ao estatuto da criança e do adolescente (ECA), visando: “ Proibir castigos físicos, moderados ou imoderados no lar, na escola, na instituição de atendimento público ou privado, ou em locais públicos”.
Parece que essa lei vem contra a falta de autonomia na educação de nossos filhos, assim a educação não passa ser mais privada, mas sim, de domínio público - Certo que, estamos aqui falando de pais que querem educar seus filhos e, não de monstros, que se valem da força física para despejar em seus filhos ou, a quem quer que seja, toda sua ira; tamanha atrocidade nem passou pela minha cabeça ao escrever esse texto.
A lei contra a palmadinha não nos ajudará a ter cidadãos melhores. Os pais necessitam de suporte e não de proibições. (repito: aqui falo daqueles que querem educar não espancar). Quando olhamos as famílias, percebemos que os pais  almejam ajuda já que estão cada vez mais jovens e, para serem pais, não existe curso nem manual, existe aprendizado, bom senso e educação. A responsabilidade de colocar alguém no mundo parece ser a última coisa que os jovens pensam e, depois do feito, jogam aos avós que também estão cada vez mais jovens.
Mas vamos ao caso, pergunto-me:
Será a palmadinha algo que traumatizará a criança e a impulsionará  a violência? Como mãe e educadora acredito que uma palmadinha não é algo que levara a criança a traumas doentios; a tão discutida palmadinha não deixará trauma, porém, sozinha, também não resolve. Educar e dar limites às crianças leva tempo e requer cuidado e muita paciência. Nada como uma mãe e um pai para determinar que tipo de educação seja adequada a seu filho. O certo seria auxiliar para que a criança raciocinasse sobre o que causou tal ato por parte do pai ou da mãe - o motivo pelo qual levou a tal palmadinha.
Particularmente não fui adepta a palmadinha ou a qualquer outro tipo de agressão - fosse ela, física ou verbal - deu mais trabalho, mas rendeu frutos. Costumava sentar com meus filhos, mesmo tendo um tempo curto, pois trabalhava exaustivamente e,  estimulava-os a descobrirem qual “castigo” mereciam para tal feito ou “arte”. Muita “mesa redonda” realizei com meus três filhos, muito aprendi com eles e muito ensinei. Acredito que tendo uma relação honesta com os filhos não se precisa da palmadinha, eles mesmos vão descobrindo o que é certo e errado. Quando falo em honestidade é no sentido literal da palavra, não se mostrar um "super homem" ou uma "mulher maravilha”, isso sim virá, com o tempo, ser motivo de trauma para as crianças. Essas, mais dia menos dia perceberão que pai e mãe não são super  nada, são seres humanos, com medos, frustrações, tristezas e alegrias; desde o momento que os filhos nascem passam a fazer parte do contexto familiar e, dentro do que a idade vai permitindo eles vão descobrindo seu espaço com seus direitos e deveres – claro que esse seria o ideal.
Penso que, muitas vezes, uma palavra possa traumatizar mais do que uma palmada na bunda... Uma palavra pode “matar ou salvar”. Acredito que posteriormente à “arte”, seja feita uma reflexão com a criança, lembrando a ela sobre o ocorrido; deve-se colocá-la para pensar se, o fato foi certo ou ela merece alguma forma de “castigo”. Isso é mais justo para com a criança e muito menos humilhante.
Quantas vezes a criança sente vontade de “bater” nos pais? Quantas coisas fazemos que desagradam nossos filhos? Quanto autoritarismo “ditamos”, mas não fazemos? Isso confunde a cabecinha da criança. O certo é oferecer a eles, o direito para  reivindicarem. Isso é justo e também é educativo.
A palmada é um recurso usado - pelos pais - para indicar as crianças, atos errados, que elas cometeram que passaram dos limites; a palmada é válida quando somente as deixa em alerta, mas não é a solução do problema. O bacana, na relação pais e filhos, é quando se consegue, fazendo uso das palavras colocar “os pingos nos is”. As crianças devem aprender desde cedo que existe uma “hierarquia”, tanto na família quanto na sociedade, mas elas têm, com educação, a chance de expor suas ideias, seus encantos e desencantos; se, desde cedo, as crianças souberem de seus direitos e deveres, teremos uma sociedade futura, mais justa, educada e feliz.
Silvia Buss
Bióloga, zootecnista e escritora.
Blog - www.eladecideserfeliz.wordpress.com

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