24 de agosto - Dia da Infância
Parabéns para os nossos pimpolhos!
Que todas as crianças possam desfrutar de momentos felizes, de alegria, muitas brincadeiras e uma infância memorável!!!
"Mãe é aquele ser estranho, louco, capaz de heroísmos, dramas e breguices com a mesma fúria; paga mico, escreve carta para Papai Noel, se faz passar por Fadinha do Dente, Coelho da Páscoa, Cuca, pede autógrafo para artistas deploráveis, assiste a programas, peças, shows horríveis, revê milhares de vezes os mesmos desenhos animados, conta as mesmas histórias centenas de vezes, vai pra Disney e A D O R A!
Mãe faz escândalo, tira satisfação com professor, berra em público, dá
vexame, deixa a gente sem graça, compra briga; é espaçosa, barulhenta,
tendenciosa, leoa, tiete, dona da gente. Mãe desperta extremos, ganas,
irrita, enlouquece, mas... É mãe!
Mãe faz promessa, prestação, hora extra, pra que a gente tenha o que é
preciso e o que sonha. Mãe surta, passa dos limites, às vezes até bate,
diz coisas duras; mãe pede desculpas, mortificada... Mãe é um bicho
doido, louco pela cria. Mãe é Visceral!
Mãe chora em apresentação de balé, em competição de natação, quando a filha menstrua pela primeira vez, quando dá o primeiro beijo, quando vê a filha apaixonada no casamento, no parto... Xinga todo e cada desgraçado que faz a filha sofrer, enlouquece esperando ela chegar da balada...
Mãe é uma espécie esquisita que se alterna entre fada e bruxa com um
naturalidade espantosa. É competente no item culpa e insuperável no item
ternura, mas pode ser virulenta, tem um lado B às vezes C, D, E...
Mãe é melosa, excessiva, obsessiva, repulsiva, comovente, histérica,
mas não se é feliz sem uma. Mãe é contrato: irrevogável, vitalício
intransferível!
Mãe lê pensamento, tem premonição, sonhos estranhos. Conhece cara de choro, de gripe, de medo; entra sem bater, liga de madr ugada, pede favor chato, palpita e implica com amigos, namorados, escolhas. Mãe dá a roupa do corpo, tempo, dinheiro, conselho, cuidado, proteção.
Mãe dá um jeito, dá nó, dá bronca, dá força. Mãe cura cólica, porre,
tristeza, pânico noturno, medos. Espanta monstros, pesadelos, bactérias,
mosquitos, perigos. Mãe tem intuição e é messiânica: Mãe salva. Mãe
guarda tesouros, conta histórias e tece lembranças. Mãe é arquivo!
Mãe exagera, exaure, extrapola. Mãe transborda, inunda, transcende. Ama, desmama, desarma, denota, manda, desmanda, desanda, demanda. Rumina o passado, remói dores, dá o troco, adora uma cobrança e um perdão lacrimoso. Mãe abriga, afaga, alisa, lambe, conhece as batidas do nosso coração, o toque dos nossos dedos, as cores do nosso olhar e ouve música quando a gente ri. Mãe tem coração de mãe! Mãe é pedra no caminho, é rumo; é pedra no sapato, é rocha; é drama mexicano, tragédia grega e comédia ita liana; é o maior dos clássicos; é colo, cadeira de balanço e divã de terapeuta...
Mãe é madonna-mia! É Deus-me-acuda; é graças-a-Deus; é mãezinha-do-céu;
é a que padece no paraíso enquanto nos inferniza... Mãe é absurda e
inexoravelmente para sempre e é uma só: não há mistério maior! Só cabe
uma mãe na vida de uma filho/a... e olhe lá! Às vezes, nem cabe inteira.
Mãe é imensurável! Mãe é saudade instalada desde o instante em que descobrimos a morte. Mãe é eterna, não morre jamais. Bicho estranho, entranha, milagre, façanha, matriz, alma, carne viva, laço de sangue, flor da pele. Mãe é mãe, e faz cada coisa..." | ||
Imagem: AgBr |
Vamos lá:
MÃE É MÃE: mentira !!!
Mãe foi mãe, mas já faz um tempão!
Agora mãe é um monte de coisas: é atleta, atriz, é superstar.
Mãe agora é pediatra, psicóloga, motorista.
Também é cozinheira e lavadeira.
Pode ser política, até ditadora, não tem outro jeito.
Mãe às vezes também é pai.
Sustenta a casa, toma conta de tudo, está jogando um bolão.
Mãe pode ser irmã: empresta roupa, vai a shows de rock pra desespero
de algumas filhas, entra na briga por um namorado.
Mãe é avó (oba, esse é o meu departamento!): moderníssima,
antenadíssima, não fica mais em cadeira de balanço, se quiser também
namora, trabalha, adora dançar.
Mãe pode ser destaque de escola de samba, guarda de trânsito, campeã
de aeróbica, mergulhadora.
Só não é santa, a não ser que você acredite em milagres.
Mãe já foi mãe, agora é mãe também.
MÃE É UMA SÓ: mentira !!!
Sabe por quê?
Claro que sabe!
Toda criança tem uma avó que participa, dá colo, está lá quando é preciso.
De certa forma, tem duas mães.
Tem aquela moça, a babá, que mima, brinca, cuida.
Uma mãe de reserva, que fica no banco, mas tem seus dias de titular.
E outras mulheres que prestam uma ajuda valiosa.
Uma médica que salva uma vida, uma fisioterapeuta que corrige uma
deficiência, uma advogada que liberta um inocente, todas são um pouco
mães.
Até a maga do feminismo, Camille Paglia, que só conheceu instinto
maternal por fotografia, admitiu uma vez que lecionar não deixa de ser
uma forma de exercer a maternidade.
O certo então, seria dizer: mãe, todos têm pelo menos uma.
SER MÃE é PADECER NO PARAÍSO: mentira!
Que paraíso, cara-pálida?
Paraíso é o Taiti, paraíso é a Grécia, é Bora-Bora, onde crianças não
entram.
Cara, estamos falando da vida real, que é ótima muitas vezes, e
aborrecida outras tantas, vamos combinar.
Quanto a padecer, é bobagem.
Tem coisas muito piores do que acordar de madrugada no inverno pra
amamentar o bebê, trocar a fralda e fazer arrotar.
Por exemplo?
Ficar de madrugada esperando o filho ou filha adolescente voltar da
festa na casa de um amigo que você nunca ouviu falar, num sítio que
você não tem a mínima idéia de onde fica.
Aí a barra é pesada, pode crer...
MATERNIDADE é A MISSÃO DE TODA MULHER: mentira !!!
Maternidade não é serviço militar obrigatório!
Deus nos deu um útero mas o diabo nos deu poder de escolha.
Como já disse o Vinicius: filhos, melhor não tê-los, mas se não
tê-los, como sabê-los?
Vinicius era homem e tinha as mesmas dúvidas.
Não tê-los não é o problema, o problema é descartar essa experiência.
Como eu preferi não deixar nada pendente pra a próxima encarnação,
vivi e estou vivendo tudo o que eu acho que vale a pena nesta vida
mesmo, que é pequena mas tem bastante espaço.
Mas acredito piamente que uma mulher pode perfeitamente ser feliz sem filhos, assim como uma mãe padrão, dessas que têm umas seis crianças na barra da saia, pode ser feliz sem nunca ter conhecido Paris, sem nunca ter mergulhado no Caribe, sem nunca ter lido um poema de
Fernando Pessoa.
É difícil, mas acontece.
MAMÃE, EU QUERO: verdade!
Você pode não querer ser uma, mas não conheço ninguém que não queira a sua.